Vidas humanas importam

Vidas humanas importam

As declarações recentes de Junior Dursky e Roberto Justus escancaram o desdém das elites econômicas brasileiras com as vidas humanas.

Ao relativizar a gravidade da pandemia do novo coronavírus, eles deixam claro que a sua prioridade é o lucro, não as pessoas.

Ninguém ignora os problemas da crise econômica que se sucederá à pandemia. Este é sim um problema e deve ser enfrentado pelo Estado, porque não há como dissociar emprego e renda da dignidade da pessoa humana.
Contudo, a receita que eles propõem envolve ignorar perdas humanas e suspender salários dos trabalhadores, na contramão do que nações desenvolvidas têm feito: apoio às famílias vulneráveis, pagamento de parte dos salários dos trabalhadores, acesso a crédito e facilidades ao seu pagamento, suspensão de tarifas públicas de água e energia elétrica, dentre outros.

Bem diferente do Brasil, em que o governo Bolsonaro faz política da morte e espera, inutilmente, que os pobres paguem a conta de mais essa crise.

O caso de Justus é ainda pior, porque ele é idoso nos termos da lei (65 anos). Mas fala com enorme tranquilidade sobre a “morte de velhinhos”.

O que eles não percebem é fácil de enxergar: convulsão social gera ainda mais prejuízo à economia. Faz explodir a violência. Prejudica o ambiente de negócios.

E a perdurar o quadro atual, pouco importa se eles têm ou não dinheiro. Faltarão leitos em hospitais privados e se há algo que marca a COVID-19 é seu caráter democrático. Ela desconhece conta corrente, gênero e escolaridade.
Triste Brasil entregue a uma elite tão obtusa.

Professora Bebel
Deputada estadual
Presidenta da APEOESP

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