#NãoÀPrivatização
Essa MP, logo em seu Artigo 1º, define carga horária mínima anual do ensino médio deve ser ampliada, progressivamente, das atuais 800 horas, para 1.400 horas. A ampliação do tempo escolar na educação básica é necessária, mas devemos admitir que, muitos alunos do ensino médio público, estão trabalhando e sua contribuição é necessária para a renda familiar.
Estaria disposto o Governo Temer a ampliar o Programa Bolsa Família para que estes jovens possam se dedicar apenas aos estudos?
Sabemos que isso não irá ocorrer, pois o atual Governo está no sentido contrário, retirando recursos destinados para áreas sociais e educação. O que acontecerá é que esses estudantes serão excluídos das escolas, pois já no Estado de São Paulo, é no período noturno e no ensino médio que há mais fechamentos de classes. Dessa forma, restará a esses jovens somente a
formação pelo EJA (Educação de Jovens e Adultos) que, infelizmente, oferece
um ensino “ligeiro”, superficial, com menor custo, como gosta o Governo
Temer. Assim o EJA, que deveria ser uma política intermediária, passa a ser
definitiva.
Se a educação em tempo integral é uma tendência no Brasil atual, com metas e
estratégias do PNE, não pode ser imposta de cima para baixo. Para frequentar a
escola em tempo integral é necessário que os alunos queiram e possam
frequentá-las e que os familiares queiram enviar seus filhos. Desejamos uma
educação integrada, que articule as partes comum, diversificada e
profissionalizante. Esse projeto não pode ser pensado e executado de forma
fragmentada, desconsiderando a concepção de educação básica, que norteia as
legislações da educação brasileira nos últimos 14 anos: processo contínuo e
articulado desde a educação infantil até o ensino médio, com suas respectivas
modalidades.
Ampliar a carga horária não garante a qualidade de ensino, mais tempo na
escola não significa mais formação, nossa concepção é de educação integrada,
seja ela em tempo integral ou não. Essa ampliação não terá impacto positivo no
ensino médio sem que se resolvam os problemas estruturais hoje presentes nas
redes públicas de ensino, como a valorização dos profissionais da educação,
formação e condições de trabalho.