Audiência pública na Alesp discutirá riscos do PL que incentiva parto cesárea

Audiência pública na Alesp discutirá riscos do PL que incentiva parto cesárea

As frentes parlamentares em Defesa da Vida das Mulheres e dos Direitos das Mulheres, além da Frente Parlamentar Étnico Racial em Defesa dos Povos Indígenas e Povos Tradicionais realizam no dia 19 de junho, das 9h às 12h30, no Auditório Paulo Kobayashi, da Assembleia Legislativa,  a Audiência Pública “Parto, saúde materna e infantil”.

A audiência foi definida durante encontro realizado no último dia 11, na Alesp. Na ocasião, as deputadas do PT Professora Bebel, Beth Sahão e Márcia Lia participaram de um debate com a população feminina  para discutir medidas de enfrentamento ao PL 435/2019, de autoria da deputada estadual Janaína Paschoal (PSL). O projeto prevê à gestante a possibilidade de realização de cirurgia cesárea, sem fatores de risco que justifiquem o procedimento, a partir da 39º semana de gestação, no Sistema de Saúde Público (SUS) do estado do São Paulo, ignorando os critérios preconizados por organismos que atestam o alto índice de cesarianas realizadas no nosso país, além de não levar em consideração as díspares realidades dos centros médicos.

A reunião do dia 11 de junho contou com participação de representantes de entidades, Defensoria Pública de São Paulo, associações e movimentos ligados ao público feminino. Também estiveram presentes a co-deputada estadual no mandato coletivo da Bancada Ativista, Raquel Marques, e a vereadora Juliana Cardoso do PT. 

“Temos que lutar contra esse PL 435, mas sobretudo garantir hospital público de qualidade e a derrubada da Emenda Constitucional que congelou os investimentos na saúde. Caso contrário, as mulheres irão para uma cesariana correndo riscos na cirurgia por falta de políticas públicas adequadas”, analisa a deputada Professora Bebel.

Dados instituições de saúde relacionados ao parto cesariana

O Brasil é o segundo país com maior taxa de cesáreas do mundo. Dos partos realizados na rede pública de saúde, 40% ocorrem por meio de cesarianas. Na rede particular, esse índice chega a 84%, variando de acordo com a região do país. Dados do Sistema de Informações sobre os Nascidos Vivos (Sinac) apontam que cerca de 57% do total de nascidos vivos no Brasil o foram por meio de cesárea. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que este percentual seja de até 15%. Grande parte dessas cesarianas é feita de forma eletiva, sem fatores de risco que justifiquem a cirurgia e antes de a mulher entrar em trabalho de parto, o que pode colocar em risco a vida de mães e bebês, sobretudo ao se tratar de mulheres negras, principais vítimas de violência obstétrica.

Mesmo concentrando esforços, o Brasil não conseguiu cumprir a meta dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio de reduzir a mortalidade materna para 35 mortes para cada 100 mil crianças nascidas vivas até o ano de 2015.

A organização Mundial da Saúde publicou recomendações sobre padrões de tratamento e cuidados relacionados às grávidas, com o intuito de reduzir intervenções médicas desnecessárias. 

Serviço:
Audiência Pública “Parto, saúde materna e infantil”
Data: 19 de junho, das 9h às 12h30
Local: Assembleia Legislativa – Auditório Paulo Kobayashi (avenida Pedro Álvares Cabral, 201, Andar Monumental, Ibirapuera)

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