A Assembleia e o ato unificado da Educação, agendados para o dia 18 de março, foram cancelados em virtude do risco de contaminação dos participantes pelo coronavírus (COVID-19), ficando mantida a paralisação da categoria.
A decisão da CNTE, das centrais sindicais e das entidades estudantis está em compasso com as recomendações formuladas pela Organização Mundial da Saúde e do Ministério da Saúde, notadamente em relação ao cancelamento de eventos com aglomeração de pessoas como forma de reduzir o alcance da pandemia.
A despeito da urgência das pautas de mobilização deste ato, que não podem ser negligenciadas mesmo em momento de inequívoca gravidade, entendemos ser indispensável agir com responsabilidade e dar a nossa parcela de contribuição ao enfrentamento deste desafio comum.
Ao fazê-lo, não deixamos de destacar a postura ambígua e vaga do Governo do Estado de São Paulo, que, até o momento, não se posicionou de forma firme a respeito do tema, mentindo sobre sua gravidade mesmo após reiterados ofícios enviados aos órgãos oficiais da Educação paulista.
Não se esclareceu, até o momento, que protocolos de atuação serão adotados para os serviços públicos que envolvem a concentração de pessoas, tais como as escolas e os equipamentos culturais e esportivos.
Tampouco se definiu um cronograma de ações frente a eventual suspensão de aulas na rede pública estadual, definindo-se, por exemplo, a readequação das férias escolares e o calendário de reposição de aulas.
Além disso, não há qualquer orientação aos servidores públicos com mais de 60 anos, que integram o grupo de risco desta enfermidade, com taxa de letalidade superior a 15%. Ou o que fazer em caso de notícia de contaminação em escolas públicas.
Ou mesmo os riscos a que estão expostos os cidadãos que utilizam o transporte público em horário de pico, ocasião em que há a formação de grandes aglomerados de pessoas.
Não há sequer uma diretriz clara para intervenção na política pedagógica, a incluir campanhas de esclarecimento para a comunidade escolar, cujo alcance é inequívoco em face dos quase 4 milhões de alunos da rede pública estadual de ensino, distribuídos em todos os 645 municípios em mais de 5 mil escolas. Ou mesmo sabão, álcool em gel e papel higiênico nas escolas para as medidas profiláticas.
A atuação hesitante e tímida do Governo do Estado, que coloca em risco milhões de vidas, contrasta com as ações já em curso em outros estados, como Distrito Federal, em que a suspensão de aulas e eventos culturais e esportivos contribuirá sobremaneira para impedir a proliferação do vírus, e demonstra o quão distante está o discurso de eficiência do governador da realidade das cidades e equipamentos públicos de São Paulo.