O problema da violência é complexo e não será resolvido com policiais da reserva nas escolas. Apesar de ter dúvidas quanto ao modelo militar de policiamento e sua estruturação autoritária, não tenho nada contra os policiais militares. São servidores públicos mal remunerações, sem treinamento e expostos a riscos, tão abandonados pelo Estado quanto os professores.
Ao transferir a eles a responsabilidade pela segurança nas escolas, o governo toma decisão simplista e populista.
Enfrentar esse problema é tarefa que demanda olhar pedagógico, pois a escola é um espaço de persuasão e de formação para a cidadania e não um espaço de controle e de punição.
Defendemos que estudantes sejam tratados como sujeitos em formação, não como criminosos. A correção deles deve se dar no interior do processo educativo e não fora dele.
Defendemos a ampliação do programa de mediação escolar e comunitária, com educadores capacitados para compreender a natureza dos conflitos e resolvê-los com o apoio dos demais servidores da educação e da comunidade.
Defendemos também a ampliação e não o desmantelamento da Escola da Família. Sem esquecer a importância dos zeladores e caseiros, que conhecem os alunos e podem dar saudável contribuição a esse processo. Em tempos de desemprego galopante, seria uma forma de recrutar pessoas da própria comunidade para exercer essas importantes funções.
Defendemos, por fim, que escolas em regiões vulneráveis tenham menos alunos por sala, de modo que os educadores possam dar uma atenção mais focada para os alunos.
As escolas já parecem presídios com sua arquitetura tosca, quando deveriam ser espaços abertos e generosos com o processo formativo dos alunos. Ao tentar resolver o problema pela via exclusiva da segurança pública, o governador confirmará essa triste associação.