Pesquisa revela que índices de violência crescem nas escolas públicas de São Paulo

Pesquisa revela que índices de violência crescem nas escolas públicas de São Paulo

O aumento de casos de violência contra alunos e professores foi constatado na terceira edição da pesquisa da Apeoesp, divulgada nesta quarta-feira

Pesquisa divulgada pela Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), nesta quarta-feira, 18 de dezembro, revela que a violência nas escolas públicas do Estado de São Paulo tem aumentado. De acordo com esse terceiro levantamento, cinco em cada dez professores da rede (54% já sofreram algum tipo de violência nas dependências das escolas em que lecionam – esse número era de 51% em 2017 e de 44% em 2014). Já entre estudantes, 37% declararam ter sofrido algum tipo de violência, contra 28% e 39%, respectivamente, nos anos de 2014 e 2017, quando a pesquisa também foi realizada.
A pesquisa, encomendada pela Apeoesp, foi realizada pelo Instituto Locomotiva, que ouviu um mil estudantes e 701 professores em todo o Estado de São Paulo, entre setembro e outubro de 2019. Além disso, o estudo ainda entrevistou 1.516 pessoas em todo o país sobre os mesmos temas.
A divulgação da pesquisa feita pelo presidente do Instituto, Renato Meirelles, foi acompanhada da presidenta da Apeoesp, a deputada estadual Professora Bebel (PT), e tem o objetivo de monitorar a percepção sobre a qualidade da educação, a segurança nas escolas e outros temas relevantes para a educação pública.
Os números são ainda maiores quando docentes e alunos foram perguntados se souberam de casos de violência nas escolas que frequentam: 90% dos professores responderam que sim (eram 85% em 2017 e 84% em 2014), enquanto 81% dos estudantes relataram saber de episódios de violência em suas escolas no último ano (eram 80% em 2017 e 77% em 2014).
Os casos de violência mais citados são diferentes entre os professores e os alunos: para quem ensina, a maioria dos casos diz respeito à agressão verbal, enquanto os estudantes citam o bullying como principal vetor da violência. Na comparação com a onda passada, os tipos de violência que mais cresceram foram bullying (62% dos estudantes e 70% dos professores relataram casos em suas escolas) e discriminação (35% dos estudantes e 54% souberam de casos em suas escolas).
O estudo mostra, ainda, que 95% dos paulistas acham que o governo deveria dar mais condições de segurança às escolas, além de 80% acharem que os professores são menos respeitados do que deveriam.
Para a Professora Bebel, “os números demonstram que o Estado não tem uma política para prevenir e reduzir o índice de violência nas escolas paulistas. Sei que não há condições de zerar essas ocorrências, mas é necessário que a Secretaria da Educação tome medidas para que esse assunto seja debatido nas unidades escolares, para que a comunidade seja chamada a participar da vida escolar e que o diálogo se estabeleça”, disse Bebel acrescentando ainda, que o processo passa necessariamente pela valorização dos profissionais da educação e contratação de mais funcionários. “Sobretudo os professores precisam ser valorizados e respeitados, além de medidas efetivas para equipar melhor as unidades escolares”, completou.
Para o presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles, o estudo demonstra que as escolas deixaram de ser um espaço de diálogo. “Nossa pesquisa revela que nos últimos anos se criou um ambiente escolar pautado pelo conflito e pela falta de diálogo”, analisou.

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